Nascer, viver, renascer e progredir

Nascer, viver, renascer e progredir

O que estou aqui a fazer? Para alguns de nós esta é uma questão que se coloca, qual o propósito de estarmos aqui? Por vezes parece que a nossa vida está cheia de missões carregadas de sacrifícios, algumas vezes parece que andamos a fazer o que não queremos, o que não gostamos, para ter, na maioria das vezes, o que não queremos, o que não nos faz falta. Fomos permitindo ser condicionados para o que devemos ser e não para o que queremos ser, que no seu processo de autoconhecimento se vai descobrindo em novas experiências, em novos desafios que lhe dão prazer e preenchimento.

Quantas vezes perante todo este condicionalismo do fazer para ter, do custo/benefício nos questionamos: O que é que eu estou aqui a fazer? Partilhamos convosco aquela que achamos ser a resposta: Viver! Viver aquela coisa única que cada um de nós é, sentir aquilo que só cada um de nós sente, pensar aquilo que só cada um de nós pensa, escolher aquilo que só cada um de nós pode escolher, fazer aquilo que só cada um de nós pode fazer, obter aquilo que só cada um de nós pode obter, ser aquilo que só cada um de nós pode ser, o próprio. Será este o nosso propósito de vida sem ter que dar grandes ou mais justificações?

A fome de viver, acreditamos nós, renasce quando a vida é alimentada com novos desafios, com novas experiências que nos dão de facto prazer e preenchimento. Já imaginaram se naquele momento em que têm as doze passas na mão no lugar de “o que desejo ter?” fosse “o que desejo ser?”?

Temos só um nascimento, um só corpo, uma só vida, mas se quisermos, teremos várias formas de viver, temos uma só vida, mas se quisermos temos vários renascimentos.

O que nos impede de ter esta nova perspetiva, o passado, a educação, o contexto social, a situação macroeconómica, nós próprios, o nosso sistema de crenças e valores?

As nossas crenças, aquilo em que acreditamos ser capazes de Ser, fazer e obter ou não, são geralmente baseadas e alimentadas nas provas que já demos, nas experiências pelas quais já passamos ou naquilo que elas (crenças) acham que vai ser o resultado de uma experiência a que eventualmente nos possamos propor pela primeira vez? É muito desafiante ver a realidade tal e qual como ela é, essa perceção passa por um enorme filtro que é constituído através do nosso sistema de crenças e valores, pela forma como organizamos os nossos pensamentos.

Dizia Henry Ford: “Se pensas que podes ou se pensas que não podes, de qualquer forma estarás certo”. Quase que nos apetece perguntar o que por causa de um medo, de um pensamento, deixaste de viver, deixaste de fazer renascer em ti?

Acreditamos que a nossa vida se constrói em duas grandes crenças: ou temos uma profunda necessidade de acreditar, ou uma profunda necessidade de não acreditar. Por exemplo: acreditamos ou não que para cada um de nós existe um propósito de vida? Acreditamos ou não que cada um de nós tem os recursos para gerar intenções e ações nesse sentido? Por último mas não menos importante, acreditamos ou não que mesmo não sabendo ainda qual é o nosso propósito, o que realmente queremos Ser, o que realmente nos apaixona, faz sentido o irmos descobrir? Acredito ou não que posso “renasSer”?

O que é o não viver se não a oportunidade permanente de Ser o que realmente somos numa coisa que é temporária, a vida?

Os nossos princípios, os nossos valores, a tendência das coisas a que damos atenção, a tendência das nossas crenças, é procurar informações que confirmem a crença que não somos capazes e rejeitar informações que as contradigam ou é procurar informações dentro que nós que confirmem que somos capazes e rejeitar informação que contradiz isso?

Sejam quais forem as respostas, renova-te, cria-te, renasce, serás ainda melhor, terás a experiência como tua conselheira, como teu guia, será a experiência a dar à luz as tuas crenças e não as tuas crenças

a abortar as possíveis novas experiências, novas formas de Ser. E perguntamos nós antes disto tudo: E se não resultar? Nós aqui acreditamos que não somos os resultados que obtemos, na verdade somos a forma como convivemos com os resultados que obtemos.

O que é o viver se não a oportunidade permanente de Ser o que realmente somos numa coisa que é temporária, a vida? Não te arrependas de ter arriscado porque o que não se termina foi muitas vezes porque não começou, não te arrependas de ter acabado, sorri porque um dia começou.

Há vida para além desta vida que possamos estar a ter neste momento, é possível renascer sem sair desta vida, e quando assim é a circunstância “morre” como algo que nos limita e renasce como algo que nos possibilita, a intenção em conjunto com a ação faz-nos tantas vezes sair da escassez para renascer na abundância das possibilidades.

Lembra-te: Renascer é Ser melhor do que um dia já se foi, renascer é dar uma oportunidade a nós mesmos de evoluirmos em consciência e atitudes, não uma oportunidade para a liberdade, porque para te sentires livre dentro de ti, seres livre dentro da tua própria identidade, porque para atingir a liberdade, a realização é preciso querer Ser livre.

Permite-te recomeçar, renascer e progredir, assim como o sol, todos os dias ele renasce independentemente da chuva, do vento, da intempérie do dia anterior. Talvez o nosso propósito de vida seja não haver outro propósito que não o viver tal como escolhemos, nascer, viver e progredir.

Lembra-te: temos só um nascimento, um só corpo, uma só vida, mas se quisermos teremos várias formas de viver, temos uma só vida, mas se quisermos temos vários renascimentos.

PEDRO RUI CARVALHO

Formador Desenvolvimento Pessoal